Há uma alta prevalência de artrite psoriásica dentre os pacientes com psoríase, acometendo até 30% dos mesmos.
Dermatologistas devem avaliar os pacientes quanto à possibilidade de artrite psoriásica e, sempre que necessário, solicitar consulta e encaminhamento ao reumatologista.
A artrite psoriásica (APs) afeta a escolha de medicamentos biológicos. Diretrizes do American College of Rheumatology/National Psoriasis Foundation (ACR/NPF) sobre a APs foram publicadas recentemente [1], com algumas ressalvas em relação à doença axial, doença inflamatória intestinal, e destruição articular. É de suma importância que o dermatologista avalie os pacientes para APs e encaminhe ao reumatologista quando necessário.
Pacientes com APs apresentam uma variedade de possibilidades terapêuticas diferentes dos pacientes sem APS.
Ao avaliar pacientes com psoríase, o médico deve levar em conta a gravidade e as áreas afetadas, história pregressa, comorbidades, tratamentos prévios e sua eficácia, e as preferências dos pacientes em relação aos tratamentos, para que o processo de tomada de decisão seja compartilhado.
Fatores como risco, eficácia, rapidez, conveniência e ônus financeiro/seguro-saúde devem ser considerados.
Para pacientes com APs, outros fatores devem ser levados em consideração.
A APs é uma doença heterogênea, com um espectro de manifestações clínicas. A determinação de qual medicamento biológico é mais adequado para um determinado paciente depende da manifestação fenotípica, que pode incluir os seguintes dados:
acometimento das articulações interfalangeanas distais;
artrite simétrica;
oligoartite simétrica;
espondilite;
dactilites;
entesites.
É importante selecionar um biológico que atue com eficácia em ambas as doenças. Devem ser considerados tanto a gravidade do acometimento cutâneo como sistêmico. Recomenda-se o encaminhamento e consulta com reumatologista.
O rastreio é importante, pois o atraso do diagnóstico contribui na piora do desfecho clínico a longo prazo, incluindo erosões articulares, que são irreversíveis.
Consulta e encaminhamento ao reumatologista frequentemente são importantes.
De acordo com as novas diretrizes de psoríase, os dermatologistas têm a responsabilidade de avaliar os pacientes para APs [1].
O aplicativo do GRAPPA (Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis) é um método disponível, assim como o escore PEST, com nenhum método isolado considerado definitivo para o rastreio da APs.
Ao trabalhar em conjunto com o reumatologista, espera-se que o dermatologista determine a presença de psoríase.
Opções de biológicos para pacientes que apresentam APs e psoríase incluem: etanercepte, adalimumabe, infliximabe, certolizumabe, secuquinumabe, ixequizumabe e ustequinumabe.
Se a APs é confirmada em um paciente com psoríase e o mesmo nunca realizou tratamento, a primeira linha de tratamento deve ser um inibidor do fator de necrose tumoral alfa (anti-TNF alfa). Há inúmeras ressalvas, como, por exemplo, um medicamento sistêmico oral pode ser usado em pacientes que preferem tratamento por via oral. Se a psoríase for grave, uma diferente classe medicamentosa pode ser considerada. Anti-TNF alfa podem ser contraindicados em alguns casos.
O estudo SPIRIT, é um estudo head to head, que comparou ixequizumabe e adalimumabe, evidenciando que os pacientes tratados com ixequizumabe têm maior probabilidade de atingir objetivos primários de 100% de melhora da pele, de acordo com o Psoriasis Area and Severity Index (PASI 100) e atingir a resposta ACR 50 (avaliação da APs) na semana 24.
Ressalvas quanto ao tratamento incluem:
acometimento axial não é sinovite, não é abordada no escore ACR, não responde ao metotrexato e responde de maneira diferente a outros biológicos. Os tratamentos de primeira linha são os Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) e fisioterapia, seguidos dos anti-TNF e inibidores da IL-17;
a meta deve ser a remissão ou doença sem atividade; e as medidas apropriadas de atividade de doença devem ser de “atividade mínima de doença”, e incluem as avaliações do PASI e BSA [2].
O GRAPPA elabora diretrizes extremamente complexas, que são difíceis de serem aplicadas na prática clínica.
As diretrizes recém-publicadas da American College of Rheumatology / National Psoriasis Foundation (ACR/NFP) para o tratamento da APs [1] podem ser úteis.
As diretrizes da ACR/NFP são baseadas na literatura em conjunto com evidências que seguem o padrão GRADE, desenvolvidas por acionistas que incluem dermatologistas, reumatologistas, outros profissionais de saúde e pacientes.
As diretrizes são baseadas em três objetivos finais: escore ACR, índice Health Assessment Questionnaire-Disability (HAQ), e segurança.
Destruição articular não foi a base para as diretrizes [1].
De maneira geral, quando considerando o índice HAQ, os anti-TNF alfa são considerados os mais seguros, com a ressalva que mais estudos comparativos ainda são necessários.
Mensagens-chave/Perspectivas clínicas
A APs é uma doença heterogênea e a seleção do medicamento biológico depende das manifestações clínicas.
A APs é prevalente e o tratamento tardio pode gerar erosões articulares irreversíveis; portanto, é de responsabilidade dos dermatologistas realizar seu rastreio e solicitar consulta ou encaminhamento ao reumatologista quando necessário.
Os dermatologistas devem consultar as diretrizes recentes da ACR/NFP para auxiliar no manejo dos pacientes com Aps.
1. Singh JA, Guyatt G, Ogdie A, et al. Special Article: 2018 American College of Rheumatology/National Psoriasis Foundation Guideline for the Treatment of Psoriatic Arthritis. Arthritis Care Res. (Hoboken). 2019;71(1):2-29.
2. Coates LC, Lubrano E, Perrotta FM, et al. What should Be the Primary Target of “Treat to Target” in Psoriatic Arthritis? J Rheumatol. 2019 Jan:46(1):38-42.
Presenter disclosure(s): The presenter has reported relationships with the following companies: Honoraria from Amgen, Abbvie, Celgene, Lilly, UCB, Novartis, Sienna, OrthoDermatologic, Pfizer, Janssen.
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